por Luis Capucci
O que existe de mais interessante em “Sedução” é a sua trama. O filme acompanha um grupo de garotas que vivem um colégio interno e nutrem uma profunda admiração pela Sra. G (Eva Green), a professora com o pensamento mais liberal do local. Mas tudo muda quando uma nova aluna chega.
Aos poucos, a quase perfeita personagem de Green vai se tornando mais tridimensional ao ter sua fragilidade revelada. Outros bons elementos do longa é a maneira como ele questiona a opressão da sexualidade feminina e a falta de diálogo entre pais e filhos. Porém, se “Sedução” não é particularmente memorável isso se dá graças à direção da novata Jordan Scott (filha de Ridley), que trabalha de maneira burocrática fazendo com que o filme soe como um projeto feito para a TV.
141) Big Driver
“Big Driver” é justamente um filme feito para a TV que não possuí muita imaginação. O longa é baseado em um conto de Stephen King e conta a história de uma escritora (Maria Bello), que depois de sofrer um estupro e quase morrer, decide se vingar do homem que a violentou.
Felizmente, o diretor Mikael Salomon e o roteirista Richard Christian Matheson tratam com sensibilidade o tema estupro. Eles conseguem mostrar como muitas vezes as vítimas desses crimes decidem não denunciá-los, com medo de como a sociedade machista vai reagir a isso. O filme também hábil ao retratar como é comum a violência contra a mulher, o que infelizmente é verdade. Em seus aspectos técnicos, o destaque fica com o fotógrafo Steve Consens, que com suas luzes amarelas e vermelhas, consegue passar a morbidez e a violência que permeiam a trama. Porém, “Big Driver” acaba sendo uma grande decepção por cair na já tão batida história de vingança.
142) Aconteceu Perto da Sua Casa
Leia a crítica aqui.
143) B.B. King: The Life of Riley
O recentemente falecido B.B. King foi um músico espetacular. Chamado por muitos de rei do blues, em seus 89 anos de vida encantou o mundo com belíssimas composições, com a maneira única que tocava guitarra e com a energia de suas apresentações. King trabalhou com grandes nomes durante sua carreira como Rolling Stones, Eric Clapton, U2 e muitos outros. Mas o mais interessante disso tudo é a trajetória do músico, e esse documentário capta muito bem isso.
Um dos assuntos mais abordados pelo o projeto é como King e todos os membros de sua geração sofreram grande parte de sua vida com o racismo (não que esse preconceito tenha acabado, mas ele era muito mais escancarado e até mesmo legalizado na juventude do rei do blues). Ao mesmo tempo, o diretor Jon Brewer evita transformar o ser humano que aborda em um santo ao trazer entrevista com a ex-esposa dele, que relata com objetividade a maneira com que o músico negligenciava a família em prol da sua arte, algo que ele mesmo admite em certo momento. Mas “The Life of Riley” não é isento de problemas, como pode ser percebido por sua estrutura que segue o clichê das cabeças flutuantes, pela escolha arbitrária de alguns entrevistados (Bruce Willis é um exemplo disso) e também pelo uso desnecessário de recriações de época que o filme faz. Apesar desses problemas, pode-se dizer que esse documentário conseguiu capturar com sensibilidade quem foi B. B. King.
Assim como Dominic Cooper e Cam Gigandet, Zac Efron é o tipo de ator que em 99% das vezes denuncia a mediocridade de um projeto só dele estar no elenco. “Namoro ou Liberdade” não é exceção a essa regra.
Esse longa é a típica comédia adolescente machista e imbecil que é rapidamente esquecida logo depois que o espectador deixa a sala de cinema. Se esses problemas morais não bastassem, os diálogos ruins, a falta de boas piadas e as situações absurdas (uma sequência que envolve um dildo é particularmente ridícula), estragam até a boa química do elenco. “Namoro ou Liberdade” e “Vizinhos” são provas que Zac Efron precisa trocar de agente. Ou que o agente precisa trocar de ator.
Ao contrário de “Namoro ou Liberdade”, “Feitiço do Tempo” é uma comédia hilária e que ainda por cima passa uma ótima mensagem.
Só o conceito desse longa já é genial: um homem do tempo (Bill Murray) de um jornal, que é uma pessoa arrogante e cruel, fica preso no mesmo dia sem motivo aparente. Por trás desse conceito fantasioso existe a ideia da capacidade que todos têm de serem pessoas melhores todos os dias e ajudar o próximo. O filme traz ótimas atuações de Murray e Stephen Tobolowsky, que interpreta um personagem propositalmente irritante. O roteiro de Danny Rubin e Harold Ramis (também diretor do projeto), além de ser muito bem construído, traz diálogos hilários. Dessa forma, “Feitiço do Tempo” é uma comédia atemporal (sem trocadilho).
146) Transsiberian
Apesar de seu ótimo elenco, “Transsiberian” é o tipo o pior tipo de suspense que existe: aquele que é absurdo, mas se disfarça de sério.
O absurdo em si não é problema. Vários filmes de Hitchcock têm tramas completamente sem sentido, mas não escondem isso. Os realizadores de “Transsiberian” praticamente chamam o espectador de idiota em várias cenas. Se isso não bastasse, o longa ainda é machista e cria estereótipos ofensivos de russos. Em resumo, esse filme é perfeito para o Supercine da Globo.