Filmes da Semana- 26 de Abril a 2 de Maio

por Luis Capucci

132) Vício Inerente

Leia a crítica aqui.

o menino e o mundo133) O Menino e o Mundo

Eu já comentei diversas vezes aqui no blog sobre como o cinema nacional foi incrível em 2014. “O Menino e o Mundo”, animação dirigida por Alê Abreu, é mais um exemplo disso.

A qualidade da animação do filme é impressionante, lembrando em seus traços falsamente simples os desenhos de uma criança. Esse estilo de desenho representa a visão de mundo do protagonista, um garoto que busca o pai. Isso fica claro através do bom uso de cores que o longa faz e através da linguagem própria dos adultos, que é ininteligível para o garoto. Mas por traz dessa inocência, existe uma contundente crítica ao capitalismo. O trabalho de Alê Abreu aqui é impressionante, uma vez que ele usa ao máximo a liberdade de câmera que uma animação permite, criando ângulos e planos criativos (o diretor também é responsável pela ótima montagem, o que o deixa ainda mais livre). No universo criado por Abreu e sua equipe não existem diálogos, então o som e a ótima trilha de Ruben Feffer e Gustavo Kurlat ganham uma importância ainda maior. “O Menino e o Mundo” sem dúvida estaria na minha lista de melhores filmes de 2014, se eu o tivesse visto na época de seu lançamento.

P.S.: Ouçam aqui a ótima música tema cantada pelo rapper Emicida.Cães de Aluguel

134) Cães de Aluguel

“Cães de Aluguel” foi o primeiro filme da carreira de Quentin Tarantino, mas devido ao seu estilo diferenciado se tornou quase que automaticamente parte essencial do cinema independente norte-americano.

Isso se deve principalmente a alguns elementos que viriam se tornam marcas recorrentes da carreira do diretor: os diálogos com referência pop e que capturam as trivialidades do dia a dia (como na conversa sobre a música “Like a Virgin”), a violência gráfica, o humor, a montagem não cronológica, entre outros elementos. O longa ainda traz uma ótima atuação de Michael Madsen como o psicótico Mr. Blonde. Através de “Cães de Aluguel”, Quentin Tarantino surgiu para o mundo como uma nova e interessante voz.

Paddington135) As Aventuras de Paddington

Alguns filmes conseguem divertir as crianças, ao mesmo tempo em que passa um subtexto mais complexo para os adultos. Esse é o caso de “As Aventuras de Paddington”, que utiliza seu urso protagonista (voz de Ben Whishaw) para falar sobre a xenofobia.

O personagem de Whishaw sofre um grande preconceito na Inglaterra por seus hábitos diferentes e é hostilizado a todo o momento. Além dessa metáfora, o roteirista/diretor Paul King consegue criar uma trama concisa, onde algumas piadas recorrentes ganham uma interessante função narrativa. O cineasta mostra saber usar muito bem as cores. Um exemplo disso são os figurinos coloridos da amável Sra. Brown (Sally Hawkins) e as roupas cinzentas do metódico Sr. Brown (Hugh Bonneville). Gary Williamson, o designer de produção, também se destaca através dos belos cenários que cria, como por exemplo, a residência da família Brown que é decorada com uma enorme pintura de árvore na parede, sendo que isso remete a casa original de Paddington. Os efeitos especiais utilizados na criação do urso são sensacionais. Com isso, “As Aventuras de Paddington” se mostra um filme infantil muito mais complexo do que se imagina inicialmente.

136) Não Pare na PistaNão Pare na Pista

“Não Pare na Pista”, a cinebiografia de Paulo Coelho, não faz parte da boa leva de filmes nacionais lançados em 2014. Apesar da história de vida do escritor ser realmente interessante, ela é contada de maneira burocrática no cinema.

O grande problema do filme é o péssimo roteiro de Carolina Kotscho, que apela para diálogos expositivos e para uma filosofia barata na maior parte do tempo. O elenco do filme é bom, com destaque para Júlio Andrade, que interpreta o protagonista, e o fantástico Lucci Ferreira, que incorpora os trejeitos de Raul Seixas de maneira impressionante. Outro problema do longa é a péssima maquiagem de envelhecimento feita em Andrade quando o escritor já está mais velho. Desta forma, “Não Pare na Pista” é apenas a sombra do filme que poderia ter sido.

nymphomaniac137) Ninfomaníaca: Volume 1

Lars von Trier é muitas vezes lembrado pelas suas declarações polêmicas, mas o que várias pessoas parecem não perceber é a poesia existente nos trabalhos desse cineasta. “Ninfomaníaca: Parte 1” é um exemplo disso.

Apesar de suas tão faladas cenas de sexo explícito (que são parte essencial da narrativa e não gratuitas, como alguns sugeriram), esse longa se destaca mesmo pelo cuidado com que o diretor expressa visualmente suas ideias em uma trama que tem uma pegada feminista. Dividido em capítulos, como já é comum na obra de von Trier, é fascinante constatar como o cineasta os diferencia, seja através do estilo de fotografia ou mesmo da razão de aspecto. O sucesso do longa também se deve muito a ótima montagem feita a seis mãos. Cenas como aquela na qual o pai (Christian Slater) da protagonista sorri na floresta quando uma rajada de vento atinge o seu rosto são únicas e ficam gravadas na mente do espectador. Por esse motivo, “Ninfomaníaca: Volume 1” é uma obra poética e complexa  que mereceria um texto mais extenso do que esse comentário.

138) Os Imperdoáveis

“Os Imperdoáveis” foi o último western dirigido e estrelado por Clint Eastwood. Nele, o diretor/protagonista desconstrói a sua figura icônica criada justamente nesse gênero e com isso realiza um dos melhores filmes de sua longa carreira.Unforgiven

O cineasta desvirtua muitos clichês do western: o herói é um assassino, o vilão é o xerife da cidade, as prostitutas são figuras honradas e a violência é condenada. Existe até um escritor que tem a função de florear as histórias violentas do velho oeste, o que surge como um comentário metalinguístico de Eastwood para os diretores do gênero. Trazendo fantásticas atuações de Gene Hackman e Richard Harris e uma belíssima fotografia de Jack N. Green, “Os Imperdoáveis” é um dos melhores werterns revisionistas já feitos.

139) Vingadores: Era de Ultron

Leia a crítica aqui.

Deixe um comentário